11/06/2008

Canjerê – a força da sociedade matriarcal e a perpetuação da tradição oral*

Falar de uma obra de arte seja ela qual for não é tarefa fácil, principalmente quando se tem um envolvimento emocional com a obra em questão. É necessário se distanciar dos laços que ligam o expectador a obra e tentar ao máximo compreender a essência daquilo que esta posto na cena. Pois bem, nas próximas linhas vou tentar fazer uma breve reflexão sobre essa obra de arte com milhões de simbolos e manifestações poéticas chamada de Canjerê. Faço isso não para alimentar o ego ou exprimir alguma crítica, pois isso, uso uma frase de Rilke para ilustrar o que penso e como penso a obra de arte: "...me afasto de qualquer intenção crítica. Não há nada que toque menos uma obra de arte do que palavras de crítica: elas não passam de mal-entendidos mais ou menos afortunados" (RILKE). Sendo assim, quero tentar colocar no papel as sensações reais, verdades que são universais e desejos que se manifestam de maneira profusa e ofuscam o mais sublime da alma.

E o que vislumbro nesse universo onírico posto em cena que conta a história de uma benzedeira com elementos do imaginário popular e com uma simplicidade catártica que toca a alma? Nada mais nada menos que os primórdios de uma tradição dramática que vem da antiguidade clássica, o drama grego com seus principais elementos da poética aristotélica. Pois bem, vamos tentar esclarecer ponto a ponto essa tese, tentando fazer uma reflexão do espetáculo e suas principais nuances.

Canjerê com sua personagem principal, Celina das Neves tem todos os aspectos da trajetória do herói grego, que reconhece seu destino a parte atrás dele. Ela reconhece seu destino com a ajuda da tradição do oráculo milenar, representada pela imagem da avó. E como o drama grego da antiguidade clássica, os deuses interferem diretamente no destino dos homens, auxiliando e até mesmo atrapalhando em alguns momentos. Ela tem uma missão que vai se descortinando aos poucos, como os trabalhos de Hércules, a cada passo um novo caminho...sem saber ao certo para onde vai e o que vai encontrar, ela ruma ansiando encontrar o fim de suas tarefas e a paz de seu espírito.

A velha que também conduz a narrativa, funciona como prólogo e também como primeiro corifeu que narra e interfere nos aspectos da história. O coro como esta posto tem toda a essência do coro grego que canta os fatos e interfere na trajetória do herói sem fazer comentários críticos, mas apenas acompanhando o desenvolvimento da história.

Já o Cavalo pode ser a personificação de um Deus olímpico que desce a terra para proteger e auxiliar seu protegido. É como Apolo que vem a terra no julgamento de Orestes para interceder a seu favor. Podemos notar isso nas intervenções que a personagem faz, criando elementos que auxiliam a protagonista e trilhar seu caminho. E quem é que mostra o caminho, senão um enviado dos céus, um deus que sabe de antemão onde ela deve ir e quais as coisas deve aprender na vida para cumprir seu destino. Levando a imaginação um pouco mais longe, podemos perguntar: quem é o menino dos tambores que surge do nada, mas parece estar ligado com a protagonista desde o começo de sua trajetória? Esse menino-deus não pode ser o Cavalo? Se os deuses se transformam no que querem, não pode o Deus-Cavalo ter se transformado no menino-anjo para possuir sua amada. Pois se ele a protege de alguma forma ele também a ama.

O segundo anjo, Miguel, esse anjo em regeneração, pode ser comparado a figura de Hermes, pois cumpre uma missão na terra, mas é um elo de ligação com os deuses.

Existe uma série de outros elementos postos que se correlacionam diretamente com a tradição do teatro grego da antiguidade clássica, podia ficar aqui discorrendo inúmeras linhas sobre esses aspectos, mas o mais importante e que acredito devo ressaltar é a visão matriarcal que o texto propõe e a predominância da tradição oral. Isto fica claro, pois a aparição de homens é singelo ou quase nula como realmente era na antiguidade clássica, nos clãs: os homens eram donos apenas de seus meios de produção tendo um papel secundário na vida da comunidade. Eles eram responsáveis apenas pela caça, pela proteção e pela domesticação dos animais, enquanto as mulheres cuidavam da agricultura, dos filhos, etc. Podemos até afirmar que a luta de Celina com o Diabo, pode ser a luta para a sobrevivência de uma tradição com relação a outra, ou seja, a tradição matriarcal com a patriarcal. Na história sem dúvida vence essa visão matriarcal e tem sua perpetuação no nascimento de Ana Clara, que apesar de relutar mantém viva a tradição oral e a linhagem feminina.

E qual é a missão de Celina? Apenas benzer e salvar pessoas ou salvar e perpetuar uma tradição oral que vem encontrando o seu fim. E a missão do Deus-Cavalo como Atenas na Oréstia não será de manter essa tradição vigorando? Daí a luta... pois não se trata de uma luta entre o bem e o mal, mas sim da perpetuação de uma tradição antiga ou outra.

Outro aspecto importante é a subordinação direta a natureza presente nesse período, essa relação que o homem tinha com a phisys, ou seja, com a matriz, com aquilo que dá origem. Partindo da força dos elementos naturais ele tentava responder suas perguntas sobre o mundo. A história mostra isso claramente em todos os momentos, a ligação com o elementos da natureza. Celina busca tudo nela, nada fora dela. Para ela a força das coisas esta na natureza e essa informação é solidificada em alguns momentos pela narradora...Vá para o mato, pisar na terra, etc. Ou seja, tome contato com o princípio das coisas para tentar compreender o todo.

Acredito que são por esses fatores míticos que permeiam o imaginário popular que Canjerê toca, comove e se realiza enquanto espetáculo. É uma obra de arte que se desprende, que é autônoma em todos os sentidos. Tanto na poesia como na prosa, ela recria um universo único que mora no inconsciente coletivo, o universo arquetípico da obra de arte, que parece estar longe da realidade, mas é seu auto-retrato. Por ser de uma realidade inacabada, um sonho que se vive cotidianamente, Canjerê se autonomiza, tem vida própria.

Ao buscar esse caminho por vezes inconsciente, da obra de arte que se autonomiza e cria identidade própria, o espetáculo criado com uma poesia recitada com maestria e musicalidade, torna-se desejoso, voluptuoso e sempre inacabado, porque se realiza nos sentimentos provocados na platéia através de uma catarse singular.

Partindo de um pressuposto simples e com elementos tão simples quanto a realidade posta no palco, Canjerê é sem dúvida uma obra de arte que busca na sua estética não vislumbrar um caminho novo, diferente, mas resgatar o antigo. O principal elemento do fazer teatral: a proximidade com o público com um teatro de aproximação que usa a kátharsis, esse método de purificação mental que conduz à consciência aos estados afetivos recalcados. Artaud em poucas palavras definiu bem qual o objetivo desse teatro que nasce no âmago e com verdade, usando de elementos simples e da versatilidade de artistas que usam a alma em primeiro plano, refletindo isso para o corpo e para a mente: "O longo hábito dos espetáculos de distração nos fez esquecer a idéia de um teatro grave que, abalando todas as nossas representações, insufle-nos o magnetismo ardente das imagens e acabe por agir sobre nós a exemplo de uma terapia da alma cuja passagem não se deixará mais esquecer. (ARTAUD: 1948) Essa é a função da obra de arte em todo o seu conjunto. Uma obra de arte que não ganha vida própria, não pode ser considerada uma obra inacabada.

E onde esta essa obra de arte e como fazê-la? Sem dúvida não esta em pesquisas estéticas mirabolantes, não que eu condene tais buscas, mas acredito que isso esta na simplicidade, na idéia primeira que nasce nos olhares apaixonados e lacrimosos. Sedentos não apenas de divertimento, mas de algo que toque e deixe vestígios bons ou até mesmo maus, mas que deixe algum tipo de vestígio. Que contagie a essência e que opere uma transformação, mesmo que seja pequena, mas que opere algum tipo de transformação. Canjerê faz isso de maneira sublime, pois cria no imaginário imagens poéticas que conduzem o expectador ao universo que apesar de parecer temporal é completamente atemporal. Essa é a sua grande contribuição ao fazer teatral.

Aproximar o público da obra de arte é sua função primordial, essa é a missão e o grande objetivo do artista, sem isso o artista não se realiza e a obra de arte torna-se inacessível e inócua. Por isso, afirmo, Canjerê é sem dúvida um espetáculo que versa nessa onda e conduz o expectador ao principal objetivo: rir, pensar, se identificar e se emocionar, ele aproxima e não distancia. Ou seja, cria uma relação direta da obra de arte com seu interlocutor. Isso faz do espetáculo um caminho. Evoé!

* espetáculo escrito por Reinaldo Sanches e Marco Romano que realizou temporada na cidade de São Paulo no mês de outubro

9/09/2008

O ateísmo prático e a antinomia entre physis e thesis desenvolvida pelos sofistas

A polis grega atingiu rapidamente seu auge e seu declínio; este movimento se repete durante a antiguidade clássica até a queda do império romano, permitindo aos homens perceber o surgimento da crise e seu processo, tomando consciência da mesma.

Uma das principais características de Atenas como cidade símbolo da antiguidade clássica, está no fato de possuir uma produção agrícola suficiente, além de artesanatos e comércio. Com a divisão social do trabalho, o Estado toma forma e todos os cidadãos tornam-se pequenos proprietários, pavimentando a instauração da democracia. Essa condição, de todos serem pequenos camponeses, cria o alicerce para o desenvolvimento do Estado, porém o caráter comunitário perde grativamente sua importância em decorrência do avanço do Estado. Segundo Agnes Heller, Atenas é uma polis clássica, pois a propriedade privada se desenvolve a partir do momento em que o Estado se desenvolve. Mas ao mesmo tempo, essa propriedade privada não avança a fim de barrar a democracia. Porém, os vínculos comunitários tendem a ficar frouxos com o desenvolvimento da propriedade privada. Para ela, a democracia e a comunidade são opostas, pois o desenvolvimento de uma enfraquece a outra. Mas, essa relação comunitária não desaparece, porque ainda há uma subordinação a natureza.

Atenas é um Estado democrático com vínculo comunitário que ao se desenvolver acentuou interesses privados, e naturalmente os conflitos. Essa condição desequilibra a base social, pois Atenas atinge seu auge através do desenvolvimento das forças produtivas, estas, geram novas necessidades, entre os quais a ampliação de território e das capacidades produtivas. Como sua produção está na base do trabalho escravo, há uma impossibilidade de aumento das capacidades produtivas. Isso naturalmente gera a guerra que gera a crise.

Em torno dessa crise gira a discussão sobre a ética e a moral. Em Atenas a atitude ética se desenvolve antes da atitude moral, principalmente nas tragédias, porém a atitude ética apresenta sempre um aspecto moral. Perceber a crise era superar valores morais e ver os valores éticos. É nesse prisma que a filosofia com foco nos homens tem sua origem, na crise. Ela afirma que os homens são fundamentalmente ativos e desse processo decorre o pensamento ativo, ou seja, todos os homens devem ser ativos.

É no período da crise que os sofistas ganham espaço, sendo em sua grande maioria “estrangeiros” que vem para Atenas buscando oportunidades, ou seja, seus valores não eram os valores da comunidade, daí seus conflitos com autores como Sócrates e Platão. Os sofistas trazem para a comunidade o ensino privado, particular, que ganha força, indo completamente na via oposta aos preceitos comunitários.

A produção mercantil produz o desenvolvimento da democracia e os sintomas da crise comunitária com o enriquecimento pessoal que passa a influenciar a vida pública e consequentemente a comunidade, pois a vida pública passa a ser instrumento das classes abastadas e direcionadas aos seus interesses pessoais, conduzindo a um fim em si mesmo. Portanto, o individuo passa a considerar a vida pública como instrumento de seus interesses privados. Em apenas vinte anos, esse tipo de comportamento não era concebido no seio da comunidade. Já no período da segunda fase da época de Péricles, as aspirações comunitárias perdem força em função das personalidades; o aparecimento do homem privado reforça a relação mestre-aluno, exercida principalmente pelos sofistas. Para eles, “o homem é a medida de todas as coisas”, ou seja, as coisas têm um valor, mas do ponto de vista humano; todas as descobertas, toda a verdade científica não tem valor, senão da perspectiva de sua aplicação e sua utilidade prática na vida do homem.

Esta tendência conduz ao ateísmo prático, pois os homens se interessam pelos deuses apenas na sua relação direta, posto que os homens não sabem nada a respeito dos deuses, podem eliminá-los de seu universo. O ateísmo prático tem uma função especifica na transformação do conteúdo da idéia de responsabilidade moral, tanto na vida pública de Atenas como no pensamento dos sofistas que reforçam a idéia da desmoralização geral e da physis e thesis, ou seja, a distinção do que é natural e da ordem. O que está em jogo neste momento, são os valores comunitários e os individuais. Não há interferência dos deuses diretamente no processo e tudo se desenvolve na ação prática e na relação homem a homem. Porém, as decisões individuais carregam a visão de uma decisão comunitária, que ilustram o bem da comunidade, mas que na verdade são decisões de cunho individual.

Podemos analisar essa tendência na comunidade, principalmente através das tragédias como Antígona, onde temos nitidamente o choque entre os valores da comunidade (natural em Antígona) e os valores individuais (ordem em Creonte). De certo, a tragédia de Sófocles em seu desfecho prevalece os valores naturais, pois em seu conceito ético, esta posto ao público os caminhos tomados pela comunidade e o que deve ser melhor para mesma. Porém, na realidade o oposto predominava. Essa antinomia é conseqüência do surgimento do homem privado e dos valores individuais e a diminuição da subordinação à natureza. Pois, quando o homem é colocado no centro das ações sem as interferências do destino, decide viver sua própria vida, separando dele os anseios comunitários e as verdades naturais, ou seja, a visão dos deuses passa a ser algo distante da vida privada, aparecendo suas características apenas na vida pública. Ou como afirma Critias, “a criação dos deuses é uma necessidade social” - que vigiavam as ações tanto públicas como privadas dos indivíduos, com base nas leis divinas (naturais) prevalecendo, o controle latente. Porém, com este novo tipo de relação, os interesses individuais (privados), passam a não surtir efeito, gerando um comportamento dual ante a comunidade
A questão do ateísmo prático esta diretamente relacionada com o rompimento dos vínculos comunitários, a ascensão do individualismo e o desaparecimento da figura do destino representando pelos deuses.

Referências Bibliográficas:
HELLER, A. Aristóteles y el Mundo Antiguo, Barcelona, Península, 1983
Sócrates: unidade de teoria e prática, de vida e ensinamento

Para Sócrates basta conhecer o bem para ensinar o bem. Basta que ele seja ensinado para que as pessoas passem a agir pelo bem. Mas isso deve enfrentar a realidade presente. Ao não levar em conta as situações objetivas nas quais os homens agem, ou seja, as condições objetivas que os indivíduos atuam, ele reconhece a relatividade da moral, mas não a ética. Sócrates conserva a ilusão de que a virtude pode ser ensinada, mas não percebe que seu pensamento novo, na verdade era quase conservador. Ele nega o caráter privado do homem e seus anseios individuais que são contrários, na sua visão, aos objetivos da comunidade.

Vivendo esse período crítico de progresso e decadência, ele percebe que não há saída – mas assume um posicionamento diferente de seus discípulos, não se apoiando as bases partidárias, (Trinta Tiranos), e não se comove com nenhum sintoma de progresso ou prosperidade; na verdade ele assume uma oposição global diante da crise, pois acredita na atitude moral diante da mesma.A ética de Sócrates é sempre a mesma, para ele, o individuo plenamente livre é aquele que controla suas paixões, agindo não de acordo com interesses pessoais, mas em função da comunidade. Sócrates encara isso com a mudança do caráter do “daimon”, entidade que os homens devem prestar contas, ele afirma que o individuo ao prestar contas ao “daimon”, deve prestar contas a si mesmo, porque os valores já estão lá, é necessário então reproduzir esses valores; ele internaliza o processo do “daimon”, pois na sociedade que esta em crise a função do “daimon” é descaracterizada. Esses valores mostram o processo de individuação ou a necessidade do homem se relacionar consigo. Conforme o processo de individuação amplia-se, o homem amplia seu conhecimento sobre si mesmo. Sócrates tem uma preocupação em ser exemplo, sendo assim, ele aceita a condenação imposta pela comunidade para se tornar exemplo. Ele sabe que não é óbvio para as pessoas como agir, pois elas precisam estar atentas as circunstâncias para moldar o seu agir.

Agnes Heller diz que Sócrates é um moralista pois apóia suas decisões em valores individuais, mas propondo visar o coletivo. Ele vive e entende a crise, mas para superá-la é necessário voltar aos valores comunitários, ou seja, aos valores morais. Enfim, a crise na comunidade era ética e moral, porém Sócrates percebe apenas as condições morais, pois parte de uma visão individual do processo, não percebendo a dimensão ética e os novos pressupostos que estão sendo postos no processo de individuação. Assim, ele centra sua visão de maneira quase idílica, vislumbrando o retorno a uma realidade que não produz mais efeitos, pois sofreu alterações em seus preceitos básicos, ou seja, a comunidade já estava contaminada. Ao querer mostrar isso a comunidade, ele se põe como vítima (exemplo), vislumbrando reconduzir a comunidade a esse processo já superado em seu seio, principalmente com a ascendência dos valores privados e individuais.

12/11/2007

Qual a dimensão de uma mentira?


É estranho olhar ao redor e perceber que quase todas as coisas e pessoas que admiramos são mentiras que vivem de mentiras, gerando novas mentiras.


É horrível perceber que o mundo se pauta numa grande mentira, numa ilusão torpe com ar singelo.


Então, quanto vale a sinceridade, a verdade...nada?


Definitivamente não há nada de novo, apenas a descoberta de mais uma mentira nova, a mentira que eu existo e que as coisas existem. Que os seres humanos se respeitam, se desejam... isso realmente é uma mentira.


É isso!

10/06/2005

INCOGNITA PERFEITA

Quando vamos gritar ao mundo este som calado parado no ar, movido pelo silêncio oculto de nossas frustrações e ideologias inacabadas. Quando vamos olhar para o próximo com o desejo dele ser próximo tão próximo como o próximo.

Nada abala o caos, porque o caos não pode se tornar algo pior. Nada pode reverter o caos, pois o caos significa o fim obscuro dos sem perspectivas e sem crenças.

Os dogmas envolveram a mente do homem e ele não sabe mais o que deve ser feito. O homem esta estagnado em seu pensamento e em suas atitudes. Seus desejos são poucos e suas virtudes quase não existem.

Tento soltar o grito, mas ele continua parado ecoando no espelho de minha alma perdida na lama. A imagem que pulsa no momento é a dor. O que sinto é o odor fétido da raça que pouco importa ser ou não ser humana.


Os deuses do consumo ganham força como os deuses fenícios tiveram os seus méritos. Nossos templos hoje se resumem em abstrações e suas diversas vertentes e a distância que separa o homem é cada vez maior e inconseqüente. Talvez a lógica não faça mais parte de nossas vidas, o bom senso tornou-se algo obscuro e distante, pois não existem mais glórias pelo preconceito e pelo ódio acumulado durante gerações.

As grandes verdades ficaram escondidas em algum lugar e sua busca incessante tornou-se pouco valida, pois a verdade traduz uma realidade longínqua que talvez o homem nunca mais consiga traduzir. Pois sua vida de mentiras é tão real que os valores reais tornaram-se mentiras obsoletas.

Bom, acho que é isso...

AR::